Estratégias para integrar educação ambiental no ensino formal

Educação Ambiental em Angola: Caminhos para uma Mudança Sustentável Formar cidadãos conscientes e comprometidos com o futuro do planeta exige mais do que teoria é preciso transformar a forma como ensinamos. Em Angola, a integração da Educação Ambiental ainda enfrenta barreiras currículos rígidos, falta de capacitação docente e resistência a novas metodologias.

Irocy Gonçalves

3/31/20254 min read

Educação Ambiental no Ensino Formal em Angola

A Educação Ambiental é essencial para a formação de cidadãos críticos e comprometidos com a sustentabilidade. No entanto, sua integração no ensino formal em Angola ainda enfrenta desafios, como currículos rígidos, falta de capacitação dos professores e resistência à adoção de novas metodologias.

Diante desse cenário, é fundamental adotar estratégias inovadoras e eficazes para inserir a Educação Ambiental nas escolas de forma prática e transformadora. Neste artigo, apresentamos abordagens pedagógicas que podem contribuir para essa mudança.

Dias; Gonçalves enfatiza que para promover essa mudança na prática pedagógica não basta mudar a forma de condução das aulas, inserir ou retirar conteúdos do currículo escolar, uma vez que “romper com velhos paradigmas implica rever um conjunto de conceitos, concepções e atitudes que, em conjunto, alicerçam o cotidiano das interações humanas.” (DIAS; GONÇALVES, 2005, p. 286).

Esta mudança de paradigma, sem dúvidas, é o grande desafio da educação em Angola, uma vez que todo o processo sempre foi concebido de forma tradicional, onde os conteúdos são engessados em níveis (cada ano escolar), assim como, em um processo de formação que cada disciplina é pensada e planeada individualmente.

Isto fica evidente quando observamos o nosso ensino do segundo ciclo de 6º ao 9º ano, onde os conteúdos são abordados em cada disciplina, fazendo com o o aluno tenha dificuldade de obter uma visão global da realidade.

De fato, o conhecimento é apresentado para os alunos de forma fragmentada pelas disciplinas que compõem a estrutura curricular e, geralmente, não há o estímulo de produção e discussão de temas actuais a partir de uma abordagem crítica. Oliveira (2000, p.101) é preciso “repensar o papel do professor enquanto transmissor dos conhecimentos definidos e abstratos para uma nova acção reflexiva e criativa, de um saber mais dinâmico e interativo”.

O educador ambiental deve procurar colocar os alunos em situações que sejam formadoras, como por exemplo, diante de uma agressão ambiental ou conservação ambiental, apresentando os meios de compreensão do ambiente. Em termos ambientais isso não constitui dificuldade, uma vez que o ambiente está em toda a nossa volta. Dissociada dessa realidade, a educação ambiental não teria razão de ser. Entretanto, mais importante que dominar informações sobre um rio ou ecossistema da região é usar o ambiente local como motivador.

No entanto, vale ressaltar que existem problemas nas escolas que podem ser considerados como entraves a realização das práticas de educação ambiental:

  1. Resistência às mudanças por parte dos docentes, uma vez que tudo o que é considerado “novo”, pode ser entendido como desafiador;

  2. Falta de incentivo por parte da equipe de coordenação e direção, o que alguns autores chamam de “inércia institucional”;

  3. Falta de formação e de informação acerca de projectos interdisciplinares;

  4. Inexistência de práticas inovadoras no ambiente escolar;

  5. Falta de sensibilização e conscientização ambiental por parte do aluno e dos professores, coordenação e direção.

Inserção Transversal da Educação Ambiental

Em vez de tratar a Educação Ambiental como uma disciplina isolada, ela pode ser integrada transversalmente em diversas áreas do conhecimento.

Nas aulas de Ciências – Abordagem sobre impacto dos resíduos e reciclagem.

Em História – Discussão sobre a Revolução Industrial e seus efeitos ambientais.

Em Geografia – Estudo das mudanças climáticas e gestão de recursos naturais.

A Educação Ambiental deve ser participativa, contínua e interdisciplinar, permitindo que os alunos compreendam a relação entre sociedade e ambiente de maneira holística.

Metodologias Activas para o Ensino Ambiental

A adoção de metodologias activas torna o ensino mais dinâmico e envolvente, incentivando a participação dos alunos. Algumas estratégias eficazes incluem:

Uso de filmes e documentários – Estímulo à reflexão e debate.

Trabalhos de campo – Visitas a ecossistemas locais para aprendizado prático.

Materiais visuais interativos – Uso de infográficos, banners e maquetes para reforçar conceitos.

Oficinas e palestras – Momentos de troca com especialistas ambientais.

Projectos interdisciplinares – Unindo diferentes disciplinas para abordar o meio ambiente de forma integrada.

De acordo com Monteiro e Torales Campos (2024), projectos práticos transformam os alunos em protagonistas da mudança, desenvolvendo habilidades críticas e ampliando sua consciência ambiental.

Formação Continuada dos Professores

Nenhuma transformação educacional acontece sem a formação docente. Para que os professores possam planear e executar actividades interdisciplinares, é necessário investir em capacitação contínua.

Parcerias com ONGs e universidades podem oferecer cursos e workshops.

Treinamentos práticos auxiliam na criação de projectos ambientais dentro das escolas.

Incentivar os docentes a usarem metodologias inovadoras melhora a eficácia do ensino.

A ESTRATEGIA NACIONAL DE EDUCAÇÃOAMBIENTAL 2022-2050 reforça a necessidade de formar educadores preparados para aplicar o tema ambiental no ensino. No entanto, Monteiro e Torales Campos (2024) destacam que a falta de investimento na capacitação de professores ainda é um grande desafio.

Integrar a Educação Ambiental ao ensino formal não é apenas uma necessidade, mas uma obrigação ética para a formação de uma sociedade sustentável. Ao adotar estratégias transversais, investir em metodologias ativas e fortalecer a formação docente, as escolas podem desempenhar um papel crucial na transformação de hábitos e comportamentos em prol do meio ambiente.

E você? Como sua escola tem integrado a Educação Ambiental ao currículo? Compartilhe suas experiências nos comentários!