Angola: Madeira Ilegal VS. Futuro Sustentável

Em 2024, Angola arrecadou apenas 29 milhões de dólares com exportações de madeira um valor pequeno diante do potencial florestal e da destruição causada. A floresta do Maiombe está em risco, e o governo aposta em concessões sustentáveis para substituir licenças anuais. A questão é: será suficiente para travar a devastação?

Irocy Gonçalves

5/5/20252 min read

Angola vs. Exploração Ilegal de Madeira: Por Que 29 Milhões de Dólares Não Justificam a Devastação

Em 2024, Angola arrecadou apenas 29 milhões de dólares com exportações de madeira valor considerado ‘irrisório’ pelo governo, diante do potencial florestal do país e dos danos ambientais irreparáveis. Com a floresta do Maiombe em risco e o garimpo ilegal crescendo, o Ministério da Agricultura e Florestas anunciou medidas drásticas: o fim das licenças anuais e a adoção de concessões sustentáveis. Mas será suficiente para frear a crise?

O Problema: Licenças Vendidas e Fiscalização Frágil

Esquema ilegal: Empresas angolanas compravam licenças anuais e as revendiam a estrangeiros — prática proibida pela lei florestal ("Estrangeiros não podem cortar madeira nas nossas florestas", alertou o ministro António Assis).

Déficit de fiscais: Províncias como Uíge (onde a HAL Madeiras LDA extrai 200 m³/dia) sofrem com a falta de controle.

As Novas Regras: Concessões de 25 Anos e Reflorestação

Fim das licenças anuais: Agora, só valem concessões de 25 anos renováveis, com exigências:

Planos de reposição florestal (ex.: viveiros da empresa Abílio de Amorim em Cabinda).

Multas pesadas e cassação de licenças para infratores.

Por Que as Florestas Valem Mais que a Madeira Exportada?

As florestas angolanas são muito mais do que apenas fontes de madeira—elas representam um pilar essencial para a economia nacional, especialmente para comunidades rurais e sectores estratégicos.

Sustento para comunidades: Milhares de famílias dependem da floresta para alimento, medicina tradicional e renda (venda de frutos, mel, artesanato).

Biodiversidade = Riqueza: Angola abriga espécies únicas, como as florestas do Maiombe (parte da 2ª maior selva tropical da África), que atraem pesquisadores e turismo ecológico.

Regulação climática: As florestas ajudam a controlar secas e enchentes, protegendo a agricultura.

Potencial industrial: A transformação local de madeira em móveis e produtos de valor agregado pode gerar empregos e reduzir importações (hoje, 80% da mobília angolana é importada).

O Paradoxo: Exportar Madeira Bruta = Perda de Oportunidades

Enquanto Angola exporta toros de mussivi (madeira nobre) por 29 milhões de dólares/ano, países asiáticos e europeus transformam-na em móveis de luxo, vendidos por 10x mais. O ministro António Assis destacou: "É melhor não exportar do que desperdiçar nosso potencial".

A transição para concessões é um avanço, mas o próximo passo deve ser:

Investir em industrialização local da madeira.

Fortalecer o ecoturismo em regiões como o Maiombe.

Engajar comunidades em projetos de reflorestação e bioeconomia.

"Proteger as florestas não é só sobre ambiente—é sobre garantir um futuro econômico para Angola."